domingo, maio 27, 2012

Diz uma lenda árabe que dois amigos viajavam pelo deserto e, em um determinado ...


LENDA ÁRABE
Diz uma lenda árabe que dois amigos viajavam pelo deserto e, em um determinado ponto da viagem, discutiram e um deu uma bofetada no outro. O outro, ofendido, sem nada poder fazer, escreveu na areia:

HOJE MEU MELHOR AMIGO ME DEU UMA BOFETADA NO ROSTO.

Seguiram adiante e chegaram a um oásis onde resolveram banhar-se. O que havia sido esbofeteado e magoado começou a afogar-se, sendo salvo pelo amigo. Ao recuperar-se, pegou um
canivete e escreveu em uma pedra:

HOJE MEU MELHOR AMIGO SALVOU MINHA VIDA.

Intrigado, o amigo perguntou:

POR QUE, DEPOIS QUE TE MAGOEI, ESCREVESTE NA AREIA E AGORA, ESCREVES NA PEDRA ?

Sorrindo, o outro amigo respondeu:

QUANDO UM GRANDE AMIGO NOS OFENDE, DEVEMOS ESCREVER ONDE O VENTO DO ESQUECIMENTO E DO PERDÃO SE ENCARREGUEM DE BORRAR E APAGAR A LEMBRANÇA.

POR OUTRO LADO,QUANDO NOS ACONTECE ALGO DE GRANDIOSO, DEVEMOS GRAVAR ISSO NA PEDRA DA MEMÓRIA E DO CORAÇÃO ONDE VENTO NENHUM EM TODO O MUNDO PODERÁ SEQUER BORRÁ-LO.

terça-feira, maio 08, 2012

Indiferença, doença que mata


A nossa época é uma era de novidades. Traz mudanças tão profundas que mal temos tempo de analisar uma delas, e outra nos assalta. Não notamos o que se acha por perto, por maior que seja o perigo. A indiferença manifesta-se entre os indivíduos. Age nos costumes e se infiltra no presente.

Esse mal, acentuando-se em nossa época seria um desvio de comportamento, um costume, uma forma de sobrevivência, um mecanismo de defesa, de resistência, ou conseqüência do egoísmo e do medo? O fato é que todos nós, uns mais outros menos, estamos ficando indiferentes, "passamos ao largo" de muitas coisas, realidades, fatos e pessoas, em algumas situações, até de nós mesmos.

Estar indiferente é abandonar toda tentativa de interferir nas coisas, de mudar - o que acaba tornando a violência, a corrupção, o desrespeito, um hábito. A indiferença é a banalização do mal, a indiferença. A indiferença tem um poder devastador. Ela é a companheira doentia do dominador e opressor, também dos que preferem as desigualdades, a violência, o ódio e a morte. Os indiferentes, de uma forma ou de outra, ferem, rejeitam, excluem, matam. Está correta a conclusão: o contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença.

Esta poderosa doença está presente em toda história dos seres humanos, ela é milenar. Já nos relatos bíblicos a indiferença é apresentada como um comportamento que impede a vida, a salvação do outro, gestos de solidariedade. Cito, a parábola do bom samaritano. O sacerdote e o levita passaram ao largo da vítima do assalto. Preferiram a indiferença e negaram-lhe socorro e cuidado. O samaritano, uma pessoa simples, atendeu aos gritos da vítima. Com facilidade verificamos que a indiferença das pessoas causou sofrimento e morte na história da humanidade.

Creio que podemos resistir, nos defender e sobreviver, resgatando e desenvolvendo outros valores e mecanismos de relações humanas que passem ao largo da indiferença. Uma vida associada ao exercício saudável da cidadania é um milagroso remédio contra o mal da indiferença. Quero dizer a vida participativa, o exercício de uma cidadania ativa, tornando-nos atentos e ligados a tudo e uns aos outros, envolvendo-nos com o sofrimento do outro e com a alegria de todos. Quando não nos isolamos em nossos "mundinhos", quando evitamos pensar só em nós mesmos, quando abrimos nossos olhos e ouvidos, os sinais nos constrangem e denunciam a nossa indiferença, movendo-nos para caminhos novos que transpiram vida, justiça, esperança e paz.

Uma vida social ativa, nos leva a uma saudável e constante briga contra a indiferença, impedindo que ela crie raízes em nós, em nossa comunidade, em nossa sociedade.

Longe de nós a indiferença, esta doença crônica que causa sofrimento e mata. Que a consciência abra sempre nossas algemas, descruze nossos braços, desanuvie nossos olhos, desperte nossa paralisia e mova-nos para o companheirismo, para a alegria da partilha, do afeto, da solidariedade e da construção de esperanças.