segunda-feira, dezembro 26, 2011

Pratique o desapego e livre-se dos excessos da vida

É tempo de abrir espaço para o novo e para o desapego. Tem quinquilharias em casa? Pois esta é a sua chance. Doe, venda ou jogue fora coisas que estão acumuladas na sua vida e que não têm mais utilidade. Aproveite também para se livrar de situações, sentimentos e de hábitos que não fazem bem ou que estejam impedindo você de seguir em frente.

foto: Edson Chagas
Manias
Ricardo quer se livrar do seu jeito metódico de ser. Na biblioteca, os exemplares ficam em ordem alfabética.
Desapegar é uma maneira de reorganizar seu espaço e sua mente. Para a psicóloga especialista em Desenvolvimento Adulto e Felicidade, Angelita Corrêa Scárdua, a ação é importante para o amadurecimento emocional.

"O apego nos torna muito dependentes das coisas, que são passageiras. Quando aceitamos que nada é eterno e permanente, nem objetos nem relacionamentos, aprendemos a usufruir mais e melhor da vida. Isso quer dizer que a vida está acontecendo agora e não dá para deixar para depois", afirma a psicóloga.

Eles já começaram

A funcionária pública Rita de Cássia Souza deu o pontapé inicial ao exercício de desapego na última semana. Ela jogou fora todos os contracheques que vinha acumulando desde 1992. "Guardava coisas que nem imaginava. Achei até um bloco de papel que estava na gaveta há sete anos. Não tinha usado porque achava lindo e não tinha coragem de escrever nele, mas também já passei por cima disso", conta.
foto: Ricardo Medeiros

Roupinhas guardadas a sete chaves
A funcionária pública Rita de Cássia Souza já começou a praticar o desapego neste fim de ano. Ela já se livrou de vários papéis que estavam se acumulando desde 1992, mas ainda falta abrir mão das primeiras roupinhas dos filhos, que hoje têm 12 e 15 anos.

Você pode fazer igual a Rita e começar com pequenas ações de desapego, como uma faxina no armário. Às vezes não jogamos fora objetos por carregarem pequenas emoções. Mas o que é lembrança e o que é apego?

"As pessoas não podem substituir as experiências pelos objetos. Se está guardado há mais de seis meses é porque não tem utilidade. Não é aquela calça 38 guardada há anos que vai fazer você perder peso, mas o seu comprometimento com dieta e exercícios", diz Angelita Scárdua.

O médico do exército Ricardo Gasperazzo resolveu ir mais longe e começou a se livrar de alguns hábitos também. Na lista estão o jeito metódico, o consumismo, o sedentarismo e o apego às comidas mais refinadas. "Já me matriculei em uma academia e quero cuidar da saúde. Quando malho corretamente me sinto bem melhor no dia a dia", afirma.

Ricardo também já chutou para escanteio o consumismo. Ele costumava comprar vários produtos por compulsão. "Sempre escolhia o mais caro por achar que era melhor. Já comprei um óculos no valor de mil reais e acabei dando para um parente porque depois percebi que não tinha gostado", confessa.

Ele também está se controlando para não frequentar muito restaurantes no meio da semana. "Às vezes gastava mais de R$ 80 em plena segunda-feira, porque preferia comida japonesa. Tinha perdido a vontade pelas comidas simples preparadas em casa, mas estava jogando dinheiro fora", diz.

O seu jeito metódico também chama a atenção. Na biblioteca de casa, os livros ficam em ordem alfabética. Além disso, ele tem chinelos diferentes para andar dentro e fora de casa e não consegue acordar em outro horário a não ser exatamente às 6h33. "Já estou me esforçando para mudar essas manias", conta. O próximo desafio de Ricardo será superar o vício pelo trabalho. O médico chega a trabalhar até 80 horas por semana.

Ela preferiu simplificar o estilo de vida

No seu livro "É Tudo Tão Simples", Danuza Leão conta a sua nova relação com os objetos. Acostumada com grifes de alta costura, ela se desfez de roupas, bolsas e sapatos dos tempos glamourosos. Também trocou o carro pelo metrô e mudou-se para um apartamento menor.

10 atitudes para se desapegar das coisas

1 - PARE DE GUARDAR E USE
Use a louça maravilhosa e o jogo de taças de cristal que só servem de enfeite e todos os outros tesouros escondidos a sete-chaves que você mantém em casa. Pratique o desapego dando para a irmã, amiga ou outra pessoa que vai fazer bom uso ou passe a usar o que está nos armários há anos. Essas coisas materiais acabam, não foram feitas para durar para sempre. Ao invés de deixar para os filhos no testamento aquele lindo conjunto de louça, use no almoço de domingo. Essas lembranças é que serão importantes para os filhos e netos, e não os objetos

2 - EXERCITE A GENTILEZA
Você não precisa garantir um privilégio e aproveitar o tempo todo. Às vezes, pode abrir mão de um direito seu quando achar justo. Ceder o seu lugar na fila do supermercado para uma pessoa atrás com poucos itens não custa nada. Dar passagem ao pedestre na rua, ajudar um cadeirante a subir em uma calçada, abrir a porta para alguém com dificuldades, ceder o lugar no ônibus. A pessoa que precisa de ajuda hoje pode ser você amanhã

3 - FAÇA UMA FAXINA DE ROUPAS E OBJETOS
Avalie o que realmente precisa e se realmente usa. Se está guardada há seis meses, é sinal de que você não precisa da roupa. Pergunte-se: Por que não uso? O que estou tentando substituir com essa roupa ou objeto? Separe, doe, venda ou troque - há sites que fazem isso hoje

4 - NÃO SUPERVALORIZE O QUE POSSUI
Tente não dar tanta importância ou um valor exagerado aos bens materiais. Se tem um carro maravilhoso, que é motivo de muito orgulho, não precisa ir à padaria todos os dias com ele só para mostrá-lo. Não fique dependente dos símbolos de status e conquistas materiais. Não pense que sem eles você não tem valor. Se você só se sente poderosa de salto alto e só consegue ir a todos os eventos com ele, experimente sair de rasteirinha na próxima vez. Veja e exercite como se sente sem o salto. É preciso entender que dinheiro e bens materiais podem trazer conforto, sentimento de vitória e de conquista, mas não fazem de você uma pessoa melhor. Se coloque no mundo como uma pessoa comum: converse com o porteiro do prédio ou do lugar em que você trabalha

5 - SEJA UM VOLUNTÁRIO
É um ótimo exercício de desapego. Você trabalha com pessoas que estão em condições piores que as suas. Isso nos dá a dimensão do quanto os seres humanos são frágeis e suscetíveis a tragédias e a problemas. O trabalho voluntário é uma lição de humildade e vulnerabilidade. Nos ensina a aproveitar o que temos e nos torna mais humildes e generosos

6 - ABANDONE UM HÁBITO
É sempre possível aprender a ser e a fazer de outra forma. Livre-se do sedentarismo, por exemplo. Às vezes, você até se sente bem, a saúde pode estar ok e o peso também, mas quem disse que só é preciso mudar um hábito quando estamos infelizes? O mudar é importante pela experiência. As mudanças podem melhorar algo que já está bom. Ao praticar exercícios, você conhece novas pessoas, conquista mais energia e disposição no dia a dia. Faça diferente também num final de semana: chame os amigos para a sessão de vídeo na sua casa ou para jogar baralho. O final de semana pode ficar ainda melhor

7 - AVENTURE-SE E EXPERIMENTE COISAS NOVAS 
Saia do lugar comum e faça um esforço para viver coisas novas. Isso enriquece a vida e a torna mais interessante. Quando nos abrimos a possibilidades, podemos descobrir coisas legais e melhores. Por isso, aceite o convite daquele amigo que você sempre recusa para conhecer o som daquela banda; escolha outro tipo de comida no restaurante que você sempre frequenta - isso mostra que a vida pode ter vários sabores e cores; escute outras músicas; troque de canal. Experimentar algo novo não vai destruir o seu mundinho perfeito, você pode até não gostar, mas vai valer pela experiência, vai confirmar seus gostos e preferências ou ampliá-los

8 - TRABALHO MELHOR
Pesquise e converse com outras pessoas para descobrir uma forma de deixar uma função que não satisfaz mais. Há pessoas que encaram isso com mais facilidade e que podem ajudá-lo a entender os desafios e vantagens de um novo caminho. Mudar de emprego faz parte da vida profissional e é algo extremamente positivo para a carreira. São novos ares, novas experiências. Mudar pode parecer difícil no começo, mas essa fase dura pouco. Logo você percebe que aquela mudança era exatamente tudo o que você estava precisando no momento

9 - MENOS IMAGEM
Seja menos apegado a sua imagem ou a algum aspecto dela. A obsessão pela aparência física está relacionada a um sentimento de inadequação. Para a pessoa, tudo precisa estar impecável e perfeito, e isso gera muita angústia. Cultivar isso é muito ruim porque você acaba vivendo para os outros, se preocupa apenas com o que eles pensam de você, ao invés de viver a sua própria vida. A juventude passa, as pessoas envelhecem e não seremos para sempre do mesmo jeito. Faz bem investir mais em outros aspectos que não relacionados à beleza. Não somos apenas um corpo

10 - A FILA DEVE ANDAR
Muitas vezes, nos apegamos a situações que já não fazem mais sentido, somente pela rotina. Isso inclui relacionamentos. Tenha em mente que você está perdendo tempo em uma relação ruim, um tempo que não vai voltar mais. Não emperre a sua vida com uma relação que nada acrescenta. Pergunte-se: Por que é tão difícil terminar um relacionamento que não me faz bem? Por que preciso dele(a)? O que eu ganho com isso?

Fonte: Psicóloga Angelita Corrêa Scárdua

Pratique o desapego

Jogue fora
Se isso simplesmente fica ali, ocupando espaço e não acrescenta nada de positivo a sua vida, jogue fora. Se você não está caminhando para frente, está andando para trás. Jogar fora o que é negativo ajuda a redescobrir o que é positivo

Deixe para trás
Se a coisa - o objeto, crença ou convicção, lembrança, trabalho ou até a pessoa - é um peso para você, te deixa imobilizado ou simplesmente faz com que você se sinta mal consigo mesmo, jogue-a fora, dê para alguém, venda, deixe para trás, siga em frente

Sem pensar muito
Não torne difícil a decisão de se livrar ou não de alguma coisa. Se tiver que pesar os prós e contras por muito tempo ou ficar angustiado pensando sobre o que é certo, jogue fora


Não perca tempo
Não tenha medo. Estamos falando sobre a sua vida. A única que você tem de verdade. Você não tem tempo, energia ou espaço para lixo material ou psicológico você



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